sexta-feira, 10 de abril de 2009

O BEIJO

Era nosso primeiro beijo. Não poderia dar errado. Nossos dentes não poderiam bater um no outro, não poderíamos beijar o nariz por engano e nem babar muito. Esperava uma dica do céu mostrando-me a hora certa de avançar o primeiro passo. A resposta não veio, porém, quando nosso assunto esgotou, o silêncio que invadiu nossas almas permitiu que olhássemos dentro um do outro, talvez invadindo a alma com força que ninguém imagina.. A distância que estávamos era parecida com a largura da barra de chocolate que tinha dado à Heloísa e que, naquele momento, já não existia, restando somente a embalagem e o gosto doce em nossas bocas. Pude sentir o perfume do seu batom com chocolate. Que cheiro bom. Seu batom era rosa brilhante bem claro, combinando com a cor de sua pele. Lembro que primeiro nossos narizes encostaram-se. O cheiro da respiração de Helô parece ser diferente do meu. Houve um pequeno recuo, mas nessas horas não se pode voltar atrás. Nos beijávamos em pensamento, flutuando na perfeição de nossos espaços simétricos. Quando nossos lábios se encontraram, tentei encaixar de maneira perfeita minha boca em sua boquinha linda. Foi o melhor beijo que experimentara. Era uma leve mistura de batom, chocolate e da poção Heloísa – poção essa que, agora, era só minha e de mais ninguém. Nos beijamos por uma eternidade. Em nada se comparava o beijo de Heloísa com a maçã, o copo com gelo e o meu braço, que eu costumava treinar escondido em casa. Era fantástico sentir o calor e a textura da sua língua, o leve tremular de seus lábios.

0 comentários: