sexta-feira, 10 de abril de 2009

APOTEOSE DO MEU CORAÇÃO


Fui interrompido por um forte abraço. Um abraço de verdade. Sua cabeça batia na altura do meu peito e foi ali que seu rosto colou por alguns pouquíssimos dias. Ela não disse nada. Apenas suspirava. Ela não parecia não desejar outra coisa no mundo, somente abraçar-me. Estávamos tão próximos que conseguia sentir os batimentos de seu coração, ainda verde, na altura do meu estômago. Coração este que era meu, por sinal.
Depois de algum tempo, ela me olhou e disse que precisava sentir meu calor. Pediu também que eu a abraçasse mais forte e não a soltasse jamais. Fiz e gostei. O seu peito era tão quente! Tive a certeza que o seu colo fora feito na moldura exata do meu peitoral quando Helô subiu em um paralelepípedo quebrado. Era o encaixe perfeito. Naquele momento fomos somente um, éramos grandes companheiros. Pude imaginar até mesmo nossa velhice. Aquela “menina idosa” me abraçando com a pouca força que ainda restara em seu corpo. Seríamos felizes na alegria e na dor. Por tempo que nunca consegui determinar ficamos sozinhos naquela praça. Nada mais existia; ninguém mais existia. Até mesmo os transeuntes mudaram o rumo preferindo outras ruas, outros acessos. É importante notar que somente eu e Helô existíamos e isso bastava.

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